Kimi to Kanojo to Kanojo no Koi – “A história do amor eterno”

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“O amor entre você, ela, e ela.”

Não é uma história do Lobo, não é uma história da Gata.

É uma história do Coelho.

Meu interesse por Visual Novels só cresce e eu gosto de encontrar coisas que façam dessa mídia algo bastante único, seja pelo apelo visual, seja pela OST soberba ou… pela quebra da quarta parede. Infelizmente não entendo de moonrunes para ler todas possíveis, entretanto, um amigo meu dia desses começou a jogar uma delas em JP mesmo e foi intensa. Incrível, emocionante e intensa. Ele fazia a narração dos eventos no twitter, foi algo fascinante.

Então pensei em abrir um espacinho para ele postar sua breve opinião sobre essa história, teremos prováveis spoilers.

Ele é o Coelho e essa é a história do seu amor eterno, não é alguém com muita experiência em reviews, mas eu fiz questão de pedir a ele sua opinião sincera. Sem Raigho, sem Marcela. Só o Coelho.

Um amor que transcendeu o 2D. 

O 3D.

O mundo.

Um amor Divino

Kimi to Kanojo to Kanojo no Koi é uma Visual Novel “Alternativa” pela Nitroplus, escrita por Vio Shimokura que escreveu Axanael, Gekkou no Carnavale e parte de Steins;Gate. A arte é feita por Tsuji Santa, conhecido por sua personagem Sonico, mascote da Nitroplus.

A história segue o protagonista Susuki Shin’ichi, descrito por ele mesmo como “mais um no meio da multidão”. Ele é um amigo de infância da garota popular do colégio, Sone Miyuki, que depois de um tempo se distanciaram. Isso começa a mudar quando surge uma lenda no colégio que se um casal se beijar no terraço, esse casal será recompensado com amor eterno. Os dois são chamados para o terraço pelo amigo de Shin’ichi, Akebono Yuutarou. Mas quem os dois encontram no telhado é Mukou Aoi, uma garota sem emoções que acredita que o mundo real seja um jogo e que a função dela é fazer o Shin’ichi entrar na rota da Miyuki. Depois disso os 3 viram amigos.

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Parece um galge normal. Mas é da Nitroplus, aquela empresa que te trouxe viagens no tempo com um microondas, uma criatura horrenda que não veio desse planeta e também assassinatos dramáticos. Nada deles é normal. Então Aoi supostamente consegue ligar para Deus do seu celular e também é idêntica a uma personagem de uma VN que um dos personagens tem.

A primeira rota do jogo, a da Miyuki, vai indo como normalmente como qualquer pessoa esperaria desse tipo de história. Até que em um momento Miyuki fica com a possibilidade de se apaixonar por um homem que não é o Shin’ichi e ele começa a se enlouquecer por causa disso e a Aoi percebe isso. Então, para ajudar o Shin’ichi, Aoi decide ligar para Deus e reescrever a VN proibindo qualquer homem que não seja o Shin’ichi de fazer a “rota” dela. A VN fecha e abre novamente como se isso não tivesse acontecido e prossegue na história que todos conhecem. Shin’ichi e Miyuki se beijam no terraço, e ganham seu amor eterno.

Fim da rota da Miyuki.

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Voltando pro menu principal, como todo bom leitor de VNs, eu decido ir para a rota da Aoi!

Um dos acontecimentos da rota comum era a Aoi pegar um gato abandonado e sumir.

Shin’ichi liga para a Miyuki para pedir ajuda e ela vai procurar na cidade e ele na escola. O portão da escola estava aberto e ele encontra a Aoi lá. Na segunda vez jogando, quem percebe primeiro que a Aoi desapareceu foi a Miyuki que liga para o Shin’ichi pedindo ajuda, dessa vez quem vai procurar na cidade é o Shin’ichi. Ninguém encontra a Aoi e ela continua desaparecida pro resto da história, que encaixa diretamente na rota da Miyuki mais uma vez, e como já foi modificada, nenhum daqueles problemas anteriores aconteceram.

Segunda tentativa para a rota da Aoi.

Dessa vez aparece uma opção em insistir em ir na escola depois de procurar na cidade, Miyuki mostra que não tem nada de errado na escola. Afinal como a Aoi iria entrar na escola se o portão estava fechado.

. O portão estava aberto da última vez. Depois de voltar pra casa aparece uma opção para pular o muro e procurar dentro da escola. Aoi estava no mesmo lugar de antes e dessa vez Shin’ichi pergunta como ela entrou na escola. Aoi tinha a chave e disse ter deixado a porta aberta.

A rota da Aoi continuou normalmente com outros problemas, mas Aoi foi ganhando emoções passando o tempo com o Shin’ichi, e depois se beijam no terraço e ganham seu amor eterno.

Fim né? Se você está aprendendo ou vai aprender japonês e pretende jogar essa VN eu recomendo fortemente você parar de ler aqui.

Comigo?

A partir daí, Miyuki reescreveu não só a história da VN, mas também o sistema. Meus saves foram deletados e ficou impossível salvar o jogo. Miyuki só deixava eu dar load nos saves dela. E como ela já sabia que o Shin’ichi era só um avatar que eu utilizava para jogar, ela realmente me amava, o jogador que se comunicava por cliques no mouse. Em diversos momentos ela falava diretamente a mim sem a janela de texto enquanto o Shin’ichi dormia.

Aoi ficava escondida depois disso, até a Miyuki apagar a existência dela.

Agora o jogador, no caso eu, precisava tomar as consequências. Eu botei uma “maldição” na Miyuki quando não impedi a Aoi enquanto reescrevia a VN, e buguei a existência da Aoi ao ensinar emoções e ter feito ela se apaixonar.

Shin’ichi depois de um tempo virou um perfeito avatar para mim, o jogador. Ele não tinha mais opiniões e nem pensamentos, todas as falas que saiam da boca dele eram feitas por escolhas. Eu literalmente virei o protagonista dessa história depois disso.

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Essa foi a primeira VN que me fez sentir medo em escolhas, eu não podia mais voltar para o meu save caso algo ruim acontecesse. Isso me forçava a pensar muito mais do que qualquer outra VN.

Também é curta, acho que demorei em torno 25 horas sendo que foi a primeira VN em japonês que li. Por mais que todos os personagens tenham todas as suas ações justificadas, é um pouco injusto que a Miyuki tenha a maior parte dessas horas de desenvolvimento. Passei 45 dias no jogo preso no apartamento dela

O jogo termina após a última escolha: Aoi ou Miyuki? Essa escolha nunca será refeita com os personagens dessa história. Todos eles te avisam que mesmo se você reinstalar o jogo, você apenas repetirá esses acontecimentos com outras pessoas. E o jogo vai terminar voltando para um menu onde você só vai poder ver o final da garota que escolheu, sem a possibilidade de um New Game. Um pouco antes do clímax já é dito pelas personagens: O vilão dessa história é o jogador, que prometeu amor eterno a duas pessoas diferentes sendo que só uma o terá realmente.

E o amor…

Kimi to Kanojo to Kanojo no Koi foi uma aventura extremamente pessoal, bizarra e assustadora quando precisava ser. Foi do início ao fim uma incrível história de amor. Foi uma experiência única e quando tocou a abertura pela última vez me senti completamente satisfeito com a VN. Não vou esquecer tão cedo dessa experiência.

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11 thoughts on “Kimi to Kanojo to Kanojo no Koi – “A história do amor eterno”

  1. Eu sou péssimo pra escrever comentários, então egoisticamente nunca escrevo nada, mesmo acompanhando o blog casualmente; mas, como é um jogo que eu gosto… Let’s go!

    Antes de qualquer outra coisa, acho que vale ressaltar que “Totono” (porque eu realmente não vou digitar o nome inteiro até que me pagem por isso) é uma dessas Vns que se deve experimentar por conta própria, sem o uso de nenhum detonado. Além disso, não é exatamente o tipo de jogo que você pode simplesmente ler a síntese do plot e jogá-lo algum dia — é uma viagem extremamente emocional, mais do que inicialmente se pode esperar. Pessoalmente, considero “Totono” um exemplo perfeito do clássico “ame ou odeie”: ele estende a “mão” para fora do monitor, te agarra pelo colarinho e levanta questões que você, como um leitor de Vns certamente deve ter considerado, mesmo que pouco, alguma vez durante a jogatina, mas acabou concluindo que era algo absurdo demais para ser levado a sério. E, não posso deixar de acrescentar que isso, possivelmente, não vai ter o mesmo efeito em todo mundo (cada um é cada um, pô)
    .
    Enfim (pulando do “antes de qualquer outra coisa” por “enfim” — é, eu sei, mas), como concordo com praticamente tudo com o que foi dito (escrito, hue) no post, eu só queria dizer mesmo que, embora tenha dito, e sustente a opinião que “Totono” é um jogo que vai causar reações diferentes nos leitores de Vns, em minha mente, terminou por ser tudo o que eu esperava que fosse; só que de maneira quase que completamente inesperadas. Eu pensei que seria “A”, mas acabou por ser um igualmente impressionante “B”, com dicas de um por aqui e por ali ao longo da narrativa. Quando eu terminei de jogar, depois de várias pausas por pura preguiça, na metade do ano passado (2014), foi uma experiência tão única que eu não esqueci tão cedo (lembro-me vagamente até hoje, aliás), e isso me fez olhar de um jeito totalmente diferente pro gênero “romance” em si, à parte da mídia. Com isso dito, isso é meio impossível dada a situação (a não ser que você tenha parado na antes do tópico “Comigo?”) eu recomendo que você entre nessa sem saber o que esperar, porque vai afetar muito o seu usufruto da estória.

    “Totono” foi algo meio além da crença (a ponto de me fazer pensar que o jogo estava lendo a minha mente), aterrorizante quando precisava ser (mais uma vez, basicamente, porque parecia ler a minha mente), mas, em uma última análise, como uma estória de amor deve ser: emocional — o rótulo “amor puro” chega a ser bastante apropriado, de fato. O que eu estou tentando dizer é que me senti extremamente satisfeito ao completar a coisa toda a relaxar assistindo os créditos (pode-se dizer que foi a resolução da minha jornada pessoal com o jogo).

      • Entendo. Bem, pra falar a verdade, eu imaginei isso (depois de tudo, é uma Vn que saiu há bastante tempo — leia-se 2007). Se posso lhe adiantar alguma coisa, diria pra não se influenciar muito pelas imagens que tem espalhadas por ai: a grosso modo, embora tenha isso também, Himawari não é só mais uma Vn de alívios cômicos hijinks com garotas moe. A começar pelo protagonista amnésico e a vibe futurista, tem umas coisas nessa Vn que fazem dela algo verdadeiramente memorável.

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