White Album 2 – Realidade agridoce

Auuuuuuuuuuuuuuu~

Senhoras e senhores, observem o palco, sintam a energia, pois aquilo não é apenas um show… É a pura realidade das ações desses jovens.

White Album 2 – Apresentação

Para os desavisados, White Album 2 é uma Visual Novel  desenvolvida pela companhia Leaf e contém certas relações com sua antecessora White Album 1 [nada que prejudique o entendimento da trama caso você não a tenha acompanhado]. A própria história de White Album 2 é dividida em duas partes: Capítulo de Introdução – lançado em 20 de março de 2010, nessa primeira parte não existem “rotas” contando com um enredo pré-definido; finalizando com o Capítulo de Encerramento – lançado em 22 de dezembro de 2011, cronologicamente se passa 3 anos após os eventos da primeira parte da trama e aqui temos diversas rotas, o anime recentemente adaptou em 13 episódios somente o Capítulo de Introdução.

White Album 2 – Enredo

Kitahara Haruki encontra problemas com a vinda do novo festival escolar, entre eles está o fato de que sua banda não será capaz de tocar no grande show que ocorrerá no fatídico festival escolar, enquanto tenta encontrar soluções até mesmo para seus problemas no conselho estudantil uma esperança, uma luz surge ao longe! Setsuna Ogiso, uma das mais famosas estudantes no colégio após alguns contratempos concorda em ajudá-lo com sua apresentação no festival escolar, entretanto, apenas se uma pianista misteriosa, Kazusa Touma, também aceitar tocar com ambos.

Esse é o começo de uma amizade bastante conflituosa, onde a música será o palco principal do amor entre eles. Um amor inalcançável.

White Album 2 – Anime

Gosto da forma como a amizade entre Setsuna, Touma e Haruki começa; digo, não sinto que é algo forçado, o relacionamento entre eles é bastante natural. Acredito que justamente a diferença [às vezes extrema] entre a forma como os personagens interagem seja um diferencial na trama. Se por um lado temos inicialmente o Kitahara fazendo o seu eterno papel de “bom moço” querendo ajudar a todos, na outra ponta temos a Touma com seus trejeitos frios e minimalistas em seu próprio espaço, além, é claro, que a gentil Setsuna sendo o alicerce dessa amizade; todas as cenas com eles são naturais, seus risos, lágrimas, pensamentos revelados e segredos moldam bastante conforme a trama aproxima-se do ápice no festival cultural.

Engraçado é que durante a história os amigos do Haruki não são tão “aleatórios” quanto pensei que seriam, nos moldes de tramas desse tipo eles ficariam fazendo papéis sem valor, só ocupando espaço ao fundo, mas não funciona bem assim em White Album 2. Eles comentam, até certo ponto fornecem conselhos ao Haruki entre outros por menores, algo que me surpreendeu bastante [e uma das principais qualidades do enredo] sempre foi a forma como “expectativas” foram quebradas [por mais cliché que o termo soe]; nem sempre a Setsuna é a menina doce, o garoto perfeito também falha, a menina calada tem sentimentos calorosos… tudo isso ao som de canções.

Músicas, instrumentos musicais, tudo isso é a alma de White Album 2! Não que a história seja um grande musical, pelo contrário, existem ~apenas~ 3 músicas fundamentais que servem como “entendimento” maior para a história: a principal delas é também a canção de abertura, “Todokanai Koi’ 13” [Amor Inalcançável], que é justamente a canção que o próprio Haruki escreveu refletindo seus sentimentos de toda aquela situação entre ele e suas melhores amigas;  a famosa “White Album” [Álbum Branco] que serve também como nome do anime, algo mais pessoal da Setsuna e a última “Sound Of Destiny” [Canção do Destino]. Todas elas, sem exceção, são a alma verdadeira de White Album 2! As letras, os sentimentos, a dor.

Existe um sentimento notável em White Album 2. Talvez “sentimento” propriamente dito seja uma palavra meio forte, mas a forma como a Setsuna tenta desesperadamente manter o laço entre eles, sempre insistindo que um namoro não vai mudar a relação dos 3, sempre lutando contra o inevitável afastamento entre os 3 de forma ardorosa e, ao mesmo tempo, reconhecendo seus sentimentos, finalmente confessando como ela se sente, gritando e chorando. O Kitahara tem um papel bastante ativo nessa primeira parte da história, afinal, ele é a principal causa do triângulo amoroso, embora ele simplesmente não fique correndo atrás de uma, para logo depois ficar com a outra… Mas sentimentos são complicados, ninguém consegue ser perfeito.

Setsuna e Touma são rivais ~declaradas~ pelo amor do Kitahara, mas em contrapartida mantém sua bela amizade! A dualidade entre elas é algo bastante charmoso, Touma agindo de modo frígido, Setsuna quase sempre sorrindo, Touma sempre pensando em ações, Setsuna sempre pensando em sentimentos; acho bastante intensa essa amizade entre as garotas, porque embora a Setsuna preserve essa amizade, ela deseja o Kitahara e luta por esse snetimento; enquanto a Touma embora também adore seus amigos, abre mão facilmente de seus sentimentos em prol dessa amizade entre os 3. E por mais engraçado que soe, quanto mais intensa e forte era amizade entre eles, ao mesmo tempo cada vez tornava-se frágil esse precioso laço entre eles.

O ápice é realmente o Festival Escolar, o palco, as luzes, as canções! Nesse ponto o estúdio Satelight pecou razoavelmente, o foco normalmente está no palco ou nos protagonistas, entretanto seria interessante ver os instrumentos de fato sendo tocados, um detalhamento maior quem sabe, enfim, nada que prejudique esse auge emocional; ao final do festival é a derrocada, a ruína, daquele momento em diante todo o sofrimento é revelado, sentimentos tão conflituosos entram em atrito e todos, sem exceção, acabam sendo feridos pelos seus próprios sentimentos.

Depois desse momento temos alguns episódios de puro flashback focados na Touma, nesse momento o telespectador [ou jogador] consegue compreender por que suas ações sempre foram assim, quais eram seus motivos, a forma como ela se sentia ao ver seus amigos juntos e por que ela agia de forma aparentemente fria com o Kitahara. O drama também se intensifica nessa segunda metade, tudo sinaliza para um final bastante agridoce – porque aqui definitivamente não existe Key Magic, não existem pessoas insensíveis, são simplesmente adolescentes lidando com suas próprias emoções, sem saber exatamente como fazer isso.

Os momentos finais da trama são simplesmente incríveis [tanto dolorosamente quanto emocionalmente falando]. Vou evitar maiores spoilers, mas ver o Kitahara chorando, Touma desesperada com as ações ocorridas e uma Setsuna negando seus sentimentos… É simplesmente indescritível. Mais do que soberbo, a forma real como a situação é toda moldada, onde ninguém escapa ileso de suas próprias ações, cada sempre tendo bastante consciência dos atos cometidos, tudo isso faz de White Album 2 algo fantástico, claro que a trama encerra-se de forma bastante dramática, mas é apenas o final da primeira parte, o final só acontece realmente no Capítulo de Encerramento, que infelizmente, não recebeu previsão de ser adaptado.

Suas ações, Suas reações – Kitahara, o humano

Meu tio disse uma vez: “Você precisa ser homem o suficiente não para fazer cagada, mas para aceitar suas ações e possíveis consequências”. Sim, com essas exatas palavras. Existe um anime bastante odiado por todos, School Days  com o ~incrível~ protagonista – Makoto, onde não se nota arrependimento algum da parte dele, ele simplesmente transa com diversas garotas, destrói amizades sem reconhecer seus atos de forma alguma, resultando na memorável morte dele no final de série [lembrada por todos, até aqueles que não assistiram a série completa] onde uma das garotas acaba por assassiná-lo gerando a alegria de todos os telespectadores.

Meu ponto é: Kitahara não é perfeito, realmente, ninguém na trama se propõe a isso… Mas ele aceita suas ações. Existe um cuidado da parte dele nesse ponto, confessando que errou, lutando pelos seus sentimentos e até mesmo “traindo” sua namorada em alguns pontos[claro que em circunstâncias bastante intensas], mas em nenhum momento ele age de modo insensível, ele aceita que cometeu erros e convive com a culpa/felicidade sempre o corroendo.

Muitas pessoas disseram: “Nossa que final horrível, parece algo mal-feito”; mas dizer isso é assumir que você no lugar do Kitahara teria tomado ações melhores, que teria conseguido calcular perfeitamente os sentimentos dos envolvidos e ter feito tudo sem levar em conta a situação! Lembro que meu principal contra foi a postura da Setsuna diante daqueles momentos finais, mas como um amigo mencionou [Kaique, obrigado por ter insistido para que eu assistisse a obra]: “Essa cagada acontece e sempre vai acontecer”, porquê justamente são humanos e não fantoches naquela situação.

Opinião Final

Lembrando agora, acho curioso como eu mesmo abandonei a obra no primeiro episódio! Pensei em como ela era lerda, chata, enfadonha… Mas tudo mudou no final do primeiro episódio aquela sensação de algo grandioso sempre permaneceu, até que eu mesmo desistir e resolvi acompanhar o resto. Nem preciso dizer que foi simplesmente incrível cada minuto do anime como um todo!

Rezo para que o Capítulo de Encerramento também seja adaptado! Só posso esperar que tentem assistir a obra, não vão se arrepender.